segunda-feira, 31 de maio de 2010

Caminhando contra o vento

" (...) E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."

- Rio de Janeiro, de Agosto de 1954
Getúlio Vargas

E não há quem hoje em dia não saiba quem foi Getúlio Vargas. Para as pessoas mais novas, que não vivenciaram seu mandato e somente o conhecem pelos livros de história, pode ser considerado um monstro manipulador; mas, para aqueles que viveram durante seus imensuráveis quinze anos de poder, este foi sem dúvida, o melhor presidente que o Brasil já tivera, concorrendo fortemente com o atual presidente da República Federativa Brasileira, Lula.

É incrível o amor e devoção que ainda hoje encontramos por diversos estados brasileiros por Vargas; nos estados do sul e alguns do nordeste, até hoje, as pessoas vão às ruas no dia de sua morte, como em uma homenagem à memória deste homem que um dia tanto fez por elas. Que fique claro que não sou "Varguista", mas, humildemente, admito a inteligência gigantesca e admirável que este homem possuiu. Sua morte fez com que o golpe de Ditadura Militar tivesse que ser adiado por dez anos e ao final da Segunda Guerra Mundial, não sabe-se quão prejudicial teria sido ao Brasil uma ditadura.

A ditadura brasileira teve desde o início o apoio dos EUA, que em momento algum visava a melhoria do nosso país, mas somente queria que a "ameaça" comunista, imposta pela união soviética, se espalhasse por nosso país; pobre Jango, que teve que ir à China Comunista apenas para pegar um avião.

Assim, começa a ditadura brasileira. E é neste momento em que o povo, até aqueles que iam contra seus ideais, sentem falta do Vargas e notam a imensas bem-feitorias que ele realizou durante seus longos quinze anos de poder, tão longos que a história de sua vida acaba por confundir-se com o governo brasileiro.

Acredito que a grande questão acerca do período de ditadura, que, de acordo com o dicionário significa "suspensão temporária das liberdades individuais", é o fato de que, a grande maioria das pessoas que iam contra o sistema imposto não desejava um Brasil Comunista, mas sim, desejava a volta da redemocratização. O grande alarde feito pelos EUA era só um meio de tentar, mais uma vez, comprovar que o regime imposto pela URSS era prejudicial, mesmo que muitas vezes esse não fosse um parâmetro.

Porém, as coisas começam a sair do controle da grande potência capitalista da época quando, em setembro de 1969, o embaixador americano é sequestrado pelo MR-8, liderado pelo grandioso Carlos Lamarca, em troca de presos políticos e armas; a partir de então, a ditadura brasileira torna-se mais sangrenta do que qualquer um podia imaginar, é este o período em que mais pessoas "somem", sem deixar pista alguma.

Pode perguntar para qualquer pessoa que viveu durante esta época, era impossível permanecer inerte diante do que estava acontecendo, era impossível não se envolver, não desejar mudanças. Este ano, depois de 21 anos de ditadura é a 5ª em que podemos voltar para presidente; mais de 500 pessoas morreram (sem contar as pessoas desaparecidas ou não nacionalizadas) para que hoje, tivessemos o direito de escolher um presidente; seria bom que pensássemos isso antes de votar.

Wendy Manfredini Oliveira

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