quinta-feira, 7 de abril de 2011

Zelig - Análise Semiótica III

Por Danielle Andrade e Ellen Bueno

Zelig, filme de Woody Allen, utiliza-se de ironia para mostrar como a sociedade capitalista dos dias de hoje sofre influência dos meios comunicativos.

Uma história que começa com um toque de suspense e nos leva inclusive a acreditar que possa ser real, logo depois se torna um conto cômico, onde temos a certeza de que tudo aquilo é criado apenas para prender as pessoas em seu seguimento.

O que nos surpreende, no início, são os depoimentos de todas as pessoas que conheceram a personagem principal, e falam dele como um fenômeno, uma figura extremamente importante e valorizada pelos norte-americanos, país onde o filme foi originado. Logo em seguida, quando a história de Zelig começa a ser contada, não entendemos ao certo o que ele era, o que queria e porque ficou tão conhecido; podemos até pensar que era por desejar ser sociável, pois para se socializar, ele assumia a personalidade da pessoa com quem estava tendo contato, e assim poderia conversar e compartilhar do pensamento de todos ao seu redor.

Em seguida, o suspense: Zelig, um homem branco desaparece e outro negro é encontrado com os mesmos traços do homem branco; logo mais, um chinês com todas as suas características também é visto, assim a ironia do filme começa e a partir deste momento podemos perceber que não é uma história real.

É também neste momento que percebemos que Zelig era a representação dos próprios signos. Ele não tinha apenas uma personalidade, então a cada vez que adquiria uma outra diferente, consequentemente adquiria outro signo, pois ele tinha o desejo de ser tudo, e representar tudo, apenas por não se encaixar na sociedade. Quando é um homem branco, ele é um signo. Quando depois, aparece sendo um homem negro, é outro signo; e assim por diante. Em uma melhor análise semiótica, quando ele era ele mesmo ou quando assumia suas diversas personalidades, ele era ícone; era simplesmente o homem negro, ou o chinês, ou o soldado da tropa de Hitler. Quando as pessoas, por meio da mídia reconheciam nessas diferentes personalidades traços do que ele realmente era e o comparam, ele se tornava índice. Ele assumir diversas características da sociedade onde se infiltrava para criar novas personalidades, como mudar a cor de pele, assumir novo sotaque, vestuário, entre outros, simulando um falso signo, o fazia ser símbolo.

Zelig vira manchete de jornal e sua trama é contada exaustivamente, fazendo com que os grandes ganhem algumas moedas e esquecendo que apesar de toda a diferença, das situações inusitadas e da sua “doença” – do que até então estavam chamando -, ele não deixa de ser uma pessoa. Afinal, é isso que a indústria cultural faz: conta-nos o que ela quer que saibamos, do jeito que escolhe para ser contado, fazendo com que nossas escolhas sejam limitadas ao que nos oferecem.

O filme trata tudo isso com sarcasmo, numa grande comédia que retrata bem o jeito que os oligopólios lavam a nossa mente, nos oferecendo aquilo que temos que consumir, tudo aquilo que precisamos saber - o que querem que saibamos, nada mais que o que nos mostram.

Quando ele é curado e não assume mais nenhuma personalidade que não seja a dele própria, é esquecido por todos, pois deixa de ser interessante para pessoas e não é mais objeto de estudo, perdendo assim seu valor.

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